Vinicius de Moraes é conhecido do grande público sobretudo pelas letras de música que compôs e que se tornaram verdadeiros clássicos da MPB. Mas, antes de desenvolver essa veia popular, Vinicius já se consagrara como poeta da mais alta qualidade literária. Os poemas reunidos nesta antologia são de épocas variadas e registram as diferentes fases por que passou o autor.
Mais lírico em seus livros, Vinicius não desprezou experiências poéticas ligadas a vanguardas do seculo XX e, como outros artistas brasileiros, voltou-se com certa frequência a temas sociais, fazendo denúncia mas mantendo-se sempre fiel à sua criatividade verdadeiramente poética. Assim, esta antologia é, em dois sentidos, um aprendizado: aqui se pode conhecer muito mais da arte de Vinicius de Moraes e, ao mesmo tempo, manter contato com a tradição poética brasileira.
Publicada em 1954 (sem o registro da data), no Rio de Janeiro, pela editora A Noite. Os poemas vinham antecedidos por uma breve “Advertência” (de Vinicius de Moraes, sem dúvida, muito embora sem assinatura), que exibia, ao fim, seu local e data: “Los Angeles, junho de 1949”.
A segunda edição da Antologia poética apareceu em 1960, agora sob a chancela da Editora do Autor. Vinicius acrescentou-lhe quatorze poemas. A antiga “Advertência” ganhou assim, o breve suplemento de um parágrafo, que registrava a incorporação dos textos. Em 1967, a Antologia poética passou a ser publicada pela José Olympio. Não ouve acréscimo ou supressão de poemas, mas a “Advertência” sofreu uma pequena alteração, exatamente no trecho acrescentado à segunda edição (a data que registrava esta última edição ( a data que registrava esta última – “agosto de 1960” – foi substituída pela de “agosto de 1967”).
A Antologia poética publicada nos anos 90 pela companhia das Letras – na qual esta edição de bolso se baseia -, foi feita a partir da última edição, de 1967. Ou seja, caso algum leitor tenha a segunda edição corrigida e ampliada pelo autor em 1960, haverá uma pequena diferença no texto da advertência. No corpo do texto, há apenas uma alteração significativa: um dos poemas foi desmembrado em dois por Vinicius.
Vinicius de Moraes
Marcus Vinicius de Melo Moraes nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de outubro de 1913. Já compunha versos ao cursar os estudos secundários em sua cidade natal. Em 1930, ingressou na Faculdade Nacional de Direito, onde conheceu e se ligou a nomes que se destacariam no panorama intelectual e político brasileiro, como Otávio de Faria, San Thiago Dantas e Plínio Doyle. Formou-se em 1933, mesmo ano em que lançou seu primeiro livro de poemas, “O Caminho para a Distância”.
Não se dedicou muito tempo à advocacia, ingressando no Ministério da Educação para exercer o cargo de censor cinematográfico. Em 1938, porém, recebeu uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesa na Universidade de Oxford. Ainda na Inglaterra, casou-se por procuração com Beatriz Azevedo de Melo. Voltou ao Brasil em 1939, devido ao início da Segunda Guerra Mundial.
Passou longa temporada em São Paulo e, voltando ao Rio de Janeiro, começou a colaborar na imprensa. Nessa época, já era reconhecido como poeta e desenvolvera amizade com vários nomes importantes de nossas letras, como Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles.
Em 1943 ingressou na carreira diplomática, seguindo três anos depois para Los Angeles (EUA) como vice-cônsul. Serviu também em Paris, Montevidéu e novamente Paris. Durante esse tempo, publica diversas obras e casa-se pela segunda, terceira e quarta vez. No início da década de 1960, começou a compor em parceria com Carlos Lyra, Pixinguinha e Baden Powell. Também faz shows ao lado de Antonio Carlos Jobim e João Gilberto.
Também exerceu intensa atividade na área de cinema, teatro, poesia e música, Em 1969, foi exonerado do Ministério das Relações Exteriores pelo regime militar e se casou com Cristina Gurjão. No ano seguinte, casou-se com a atriz bahiana Gesse Gessy e iniciou sua parceria com Toquinho, que iria continuar até o fim de sua vida. Com o parceiro, excursiona pelo Brasil e pela Europa.
Durante a década de 1970, compôs muito, fez vários shows e casou-se ainda mais duas vezes. Em 1979, a convite do então líder sindical Luís Inácio Lula da Silva, faz uma leitura de seus poemas no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. No mesmo ano, na volta de uma viagem à Europa, sofre um derrame à bordo do avião. Morreu aos 67, em 9 de julho de 1980, de edema pulmonar, em sua casa, na companhia de Toquinho e da última mulher, Gilda Queirós Mattoso.