A apicultura é uma das atividades mais antigas e importantes do mundo, prestando grande contribuição ao homem através da produção de mel, da geléia real, da própolis, da apitoxina, da cera e do pólen, bem como à agricultura, pelos serviços de polinização, além de ser um trabalho agradável. O Brasil possui reservas florais que podem proporcionar milhares de toneladas de saboroso mel, de primeira qualidade, aceito pelo mercado mais exigente do mundo. Para aproveitar esta riqueza natural precisam-se de muitas colméias, que também irão ajudar a garantir a qualidade e a produtividade agrícola do país, mediante a polinização entomófila. Através deste livro didático, simples, objetivo e ilustrado, pretende-se oferecer aos estudantes – e também aos apicultores -, as noções básicas da apicultura de forma auto-suficiente com direito a consultas ao autor sobre eventuais dúvidas.
As abelhas domésticas, do reino ou óropa, como eram conhecidas entre os apicultores, foram trazidas do continente europeu pelos imigrantes que vieram para o brasil trazendo consigo alguns enxames, ou os que conseguiram sobreviver à longa e demorada travessia do Atlântico. Isso aconteceu em 1839, quando o Padre Antônio Carneiro conseguiu, com a autorização do Rei D. Pedro II, importar para o Estado do Rio de Janeiro algumas famílias das conhecidas abelhas do reino Apis Mellifera Mellifera (pretas). No Rio Grande do Sul, o imigrante Frederico Augusto Hanemann, no ano de 1879, importou da Alemanha algumas famílias de abelhas italianas Apis Mellifera Ligustica. Outros imigrantes também trouxeram com eles, quando vieram para o Brasil, famílias de abelas, entre as raças carincas, caucasianas e italianas, que deram origem à sua disseminação pelo território brasileiro. No sul do Brasil, além de Hanemann e outros da época, o desenvolvimento da criação de abelhas foi de fato promovido pelo Prof. Emílio Schenk, que teve grande mérito saber ensinar percorrendo o Estado, a pé, a cavalo, de bicicleta, de carroça e de trem, divulgando a técnica de criar abelhas como atividade de um extensionista. Editou o livro Guia completo de apicultura nas versões em alemão e em português. Prestou relevante serviço à apicultura gaúcha e brasileira; todos devemos muito a ele e é justo que seja considerado o Pai da Apicultura do Rio Grande do Sul. Ainda em nosso Estado, devemos lembrar os nomes de Hugo Muxfeld e Schirmer. Em São Paulo, Dom Amaro von Emelen da O.S.B. foi outro pioneiro que dedicou a sua vida à apicultura, editando também o seu próprio livro, Cartilha do apicultor. Ambos já são falecidos mas seus feitos continuam vivos na memória dos apicultores. Muitos outros e em todos os Estados contribuíram e ainda contribuem para o desenvolvimento apícola nacional e certamente terão seus nomes lembrados na história. Na história do Brasil Império, Dom Pedro II comprovado pelo Decreto nº 72, de 12 de julho de 1839, deu início à apicultura no Brasil, autorizando a importação de abelas da Europa, ou da costa da África, sendo, portanto, o patrono da apicultura brasileira.
Filho de João e Bertha Nöernberg Wiese, nasceu em 8 de julho de 1926, em Marcílio Dias (Santa Catarina). Desde a infância, a sua paixão por abelhas se manifestou de forma intensa, época em que já era o responsável pelo apiário da família, composto por 70 colméias Schenck. Em 1947, então especialista em apicultura foi admitido para trabalhar na Secretaria de Agricultura e Abastecimento de Santa Catarina. Num certo dia descobriu, por acaso, três colméias abandonadas. A partir daí, passou a desenvolver intensamente esta atividade em âmbito estadual, conquistando para Santa Catarina o primeiro lugar na produção de mel no Brasil.
O fascínio e a busca por maiores informações sobre as abelhas não cessavam. Em 1950 participou de um curso na Universidade Rural do Rio de Janeiro. Porém, não satisfeito com os conhecimentos adquiridos, obteve junto ao ex-presidente John Kennedy, dos EUA, uma bolsa de estudos, que começou na David University (Califórnia), onde aprendeu inseminação instrumental em rainhas e apicultura geral. Wiese esteve presente em inúmeros congressos internacionais de apicultura, tais como o da Apimondia, em Maryland; Sidney; Buenos Aires; Atenas; Acapulco; Budapest: Nagoya; Varsóvia e Rio de Janeiro, em 1989, ocasião em que presidiu o 32º Congresso da Apimondia.
Autor de livros como “Apicultura” editado pela extinta Embrater; “Manual Técnico de Apicultura”, Saa/SC; e “Normas para Atividades de Polinização” (com abelhlas em fruticultura de maçã); e, ainda, produziu uma série de apostilas e folhetos técnicos destinados a cursos, conferências e palestras. Criador da famosa “Cidade das abelhas”, em Santa Catarina.