A obra organizada por Leonardo José Gil Barcelos e Michele Fagundes é destinada a produtores, técnicos e alunos de graduação e pós-graduação; aborda diferentes aspectos relacionados à produção de peixes em sistemas de policultivo desenvolvidos e testados na Universidade de Passo Fundo. São abordados, discutidos e aprofundados assuntos tais como anatomia e fisiologia dos peixes, qualidade de agra instalações para o policultivo, contaminações ambientais, sistema de policultivo, estresse em peixes, aspectos específicos da criação da tilápia-do-nilo, além de receitas da culinária à base de peixes. O livro compila e descreve as experiências da Universidade de Passo Fundo ao longo dos últimos nove anos e tem como objetivo principal levar o conhecimento e a tecnologia gerados na UPF aos produtores de peixe e aos profissionais envolvidos nessa atividade, melhorando, assim, o desempenho do sistema e, consequentemente, gerando maior lucratividade ao produtor.
O sistema de policultivo de carpa é antigo e tradicionalmente vem sendo difundido e fomentado no Rio Grande do Sul há várias décadas através, principalmente, da Emater-RS. As poucas variações que são verificadas são relacionadas aos percentuais de cada uma das quatro espécies e à introdução ou não de alguns predadores como como controladores da propagação das carpas húngaras. E com esses sistema o estado do Rio Grande do Sul vem alcançando baixas produtividade e ainda apresentando a piscicultura como atividade complementar nas pequenas propriedade rurais.
Em face desse franco desempenho do sistema, há de se registrar que a ideia de alterar o tradicional policultivo apenas de carpas praticado no Rio Grande do Sul não é nova. Ainda na década de 1990 já se pensava e até se propunha um policultivo alternativo formado pelo jundiá, pela tilápia-do-nilo e pela carpa-capim, no qual o jundiá estaria em substituição integral às carpas húngaras e as tilápias-do-nilo às carpas filtradora, prateada e a cabeça grande, no entanto, esses sistema não chegou a ser testado cientificamente.
Estavam aí, contudo, a semente e a ideia para trabalhos futuros. As experiências chinesas e indianas com tentativas de introdução de espécie nativas nos policultivos de diferentes espécies de carpas também se constituíram numa base e num estímulo para os trabalhadores nessa ótica de melhoria do sistema de policultivo pela introdução de espécies de melhor desempenho, ou, como no caso do trabalho relatado nesta obra, com melhor aceitação e valor de mercado.
Assim, a partir de 2003 a Universidade de Passo Fundo iniciou a pesquisa sobre poilicultivos alternativos, sempre focando na introdução do jundiá e da tilápia-do-nilo. Os resultados desses nove anos de pesquisa, hoje nos permitem recomendar um policultivo com seis espécies de peixes.
A presente obra relata essa experiência, bem como traz, como linguagem clara e compreensível, diversos aspectos necessários e imprescindíveis para a criação de peixe, da necessidade, qualidade da água de criação, das instalações para o cultivo, além de aspectos específicos dos sistemas propostos, aliados a tópicos como a avaliação da qualidade das carnes de peixes e a viabilidade econômica do sistema permitem ao leitor ter segurança para decidir sobre a adoção do sistema de policultivo proposto para a sua criação de peixe. A obra ainda nos traz importantes pontos gerais, como a problemática da poluição ambiental, a ocorrência do estresse, a sanidade, além de um capítulo específico sobre tilápia-do-nilo. A obra é encerrada com um capítulo sobre receitas à base de peixes, especialmente com as espécies trabalhadas.
Que esta obra fruto da trajetória de pesquisa da UPF sobre os policultivos, possa contribuir com a atividade de criação de peixes em nosso estado e nos demais. Boa leitura!
https://www.youtube.com/watch?v=cnkt2Q40z20
https://www.youtube.com/watch?v=xkcmQGkPJX8