Pensar sobre Fotografia, nas circunstâncias atuais da contemporaneidade, seria o mesmo que deduzir “como se fotografar fosse uma atividade tão banal e necessária quanto tomar banho e comer” [ROUILLÉ, 2009, p. 415]. A relação entre Fotografia versus Cotidiano disposta pelo autor, descrito no livro A fotografia: entre documento e arte contemporânea, refere-se diretamente ao trabalho de Nobuyoshi Araki. No entanto, ainda que o parâmetro esteja direcionado ao artista-fotógrafo, esta perspectiva comparativa pode servir de razão para compreender a situação de imersão, diga-se cultural sobre a relevância e a necessidade de imagem fotográfica, no tempo presente.
O Ato de Fotografar, adotado pelo viés de ser uma ação indispensável, instituiu, dessa forma, um hábito cultural das massas intensificado pela inserção, em nosso cotidiano, das novas tecnologias [aparelhos de ceulares inteligentes] e das redes sociais [Facebook, Instagram, Twitter, entre outros]. Em sua aplicabilidade, o ato codifica o real em imagem que, por sua vez, transforma a fotografia em um elo comunicacional de extrema relevância aos canais midiáticos, rompendo as barreiras do espaço e do tempo. Para Roullé [2009, p.454], a “fotografia digital é desterritorializada: instanteamente acessível em todos os pontos do globo via redes da internet ou correio eletrônico”. O sistema digital, “que transforma as informações luminosas em sinais elétricos, depois em arquivos informáticos” [ibidem, p. 453], contribuiu para que a imagem-fotografia se tornasse mais difundida e também mais aceita como pensamento artístico nas últimas décadas. E, além disso, permitiu a [re]valorização do seu potencial de identidade se confrontada com a tradição histórica da pintura.
Assim, a iniciativa em ofertar um concurso fotográfico no Instituto Federal Farroupilha [IFFar-FW] se estabeleceu tomado pelo princípio do circuito do pensar sobre Fotografia e sobre o Ato de Fotografar, associados, também, aos possíveis cruzamentos de integração entre Aluno versus Instituição e Arte versus Tecnologia. O concurso fotográfico, [concebido originalmente pela professora Luciane Figueiredo Pokulat, diga-se de passagem], apresentava como objetivos em seu edital.
“Estimular, divulgar e incentivar a produção artística entre os seus estudantes. A iniciativa busca potencializar a importância do olhar e do seu desenvolvimento como leitura visual. A proposta, por sua vez, acaba possibilitando a expansão do acervo imagético, construindo uma memória permanente da história da própria instituição de Ensino” [BOTTENE, 2016, p.1].
Concomitante a sua realização, não por acaso, a sede do Instituto comemorava 50 anos de existência em 2016 como Estabelecimento de Ensino a serviço da comunidade [esteve vinculado à Universidade Federal de Santa Maria-UFSM até 2014]. Em vista disso, prestigiando os aspectos tanto de sua história quanto de sua memória, lançou-se a proposta poética através da temática espaços do IFFar-FW [enfatizando a integração entre os alunos e o espaço de convivência da Instituição].
A partir do estabelecimento desse viés temático que orientava o concurso, buscou-se desenvolver os projetos gráficos de divulgação do projeto, entre eles um flyer [abertura das inscrições] e um convite [mostra fotográfica]