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Imunologia Veterinária – Ian R. Tizard

                  619 / T625i                   Exemplares: 02

A conscientização sobre a importância da defesa do organismo contra a invasão microbiana não pôde se desenvolver até que a comunidade médica aceitasse o conceito de doenças infecciosas. Quando infecções como a varíola e a peste se espalharam pela sociedade antiga, embora muitos tenham morrido, várias pessoas se recuperaram. Em algumas raras ocasiões, percebeu-se que os indivíduos curados não adoeciam em outras epidemias – um sinal de que haviam desenvolvido imunidade. Por volta do século XII, os chineses observaram que aqueles indivíduos que resistiram à varíola se tornaram resistentes a posteriores exposições ao vírus. Sendo pragmáticos, os chineses passaram a deliberadamente infectar crianças com o vírus da varíola, inserindo crostas das feridas de indivíduos infectados em pequenos cortes feitos na pele dessas crianças crianças.

Aquelas que sobreviveram à doença ficaram protegidas pelo resto da vida. Em uma época em que a mortalidade infantil era elevada, os riscos inerentes a essa prática foram aceitos. Com a evolução desta técnica, descobriu-se que a utilização de materiais (crostas de feridas) provenientes de infecções mais brandas minimizava os riscos. Assim, a mortalidade em função da inoculação do vírus da varíola (“variolação”) caiu para cerca de 1%, enquanto a observada nos casos clínicos era de 20%. O conhecimento sobre a “variolação” difundiu-se pela Europa no início do século XVIII e esta técnica passou a ser amplamente utilizada.

Dois temas recorrentes discutidos no Prefácio de quase todas as edições anteriores é o papel central da imunologia na medicina veterinária e a vasta quantidade de novos dados gerados. Algumas coisas não mudam, de modo que não insistirei na importância da imunologia e no fato de que estamos nos afogando em um mar de resultados. Esta combinação pode ser frustrante para professores e alunos. O tempo dedicado à imunologia nos cursos de medicina veterinária foi, em muitos casos, reduzido a níveis abaixo dos ideais em um momento em que o conhecimento desta matéria permanece central à prática da profissão. Embora seja essencial controlar rigorosamente a quantidade de informações contidas em um livro como este, há limites que não devemos ultrapassar. A imunologia é ampla e complexa e o bom veterinário precisa de mais do que o conhecimento superficial da matéria.Um resultado do vasto aumento de dados e a principal alteração desta edição é o reconhecimento de que o sistema imunológico não é simplesmente a soma de uma série de vias de sinalização distintas. A imunologia não é um assunto linear. Ao contrário, é um complexo conjunto de respostas resultantes das interações de uma rede de milhares de moléculas diferentes. Múltiplos ligantes simultaneamente estimulam muitos receptores que, por sua vez, ativam diversas vias de sinalização. Essas vias então interagem, apresentando sinalizações cruzadas, alças de
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 e múltiplos complexos processos de regulação.A tarefa do leitor, portanto, não é aprender os inúmeros detalhes, mas tentar reter as principais reações e vias e o padrão total das reações (não as vias, mas as “estradas”principais). Recomendo aos alunos não se ater aos detalhes (e, acredite, tirei a maioria deles), mas primeiro procurar um quadro geral. Os alunos devem ficar à vontade para mudar a ordem dos capítulos e assuntos. Como uma complexa rede interativa, a imunologia realmente não tem começo ou fim.Uma segunda alteração muito importante nesta edição é meu tardio reconhecimento de que vivemos em um mundo dominado por micróbios. Não somos criaturas micro biologicamente estéreis; ao invés disso, formamos complexos “superorganismos”com nossas próprias densas e complicadas populações microbianas. O sistema imunológico rege nossas relações com este mundo microbiano e determina nossa sobrevivência na presença de enormes números de micróbios. A microflora do corpo influencia muitas patologias importantes, incluindo doenças alérgicas e autoimunes.Afeta o desenvolvimento do sistema imunológico que, por sua vez, também modula a composição da flora microbiana. Com isso, veio a descoberta de que a flora intestinal controla o desenvolvimento do sistema imunológico, o desenvolvimento de doenças autoimunes e até consequências metabólicas, como a obesidade. Tente não esquecer a existência destes micróbios.

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