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Adolescência Moderna – Eduardo Canssi Vogt

A adolescência sempre foi vista como uma fase de descobertas e de novas experiências, mudanças. Mas penso se, hoje, essas “novas experiências” são realmente saudáveis…

Minha primeira experiência foi aos onze anos de idade e veio a partir de um convite para uma festa – aparentemente inofensiva. Era a festa de quinze anos de uma menina – a qual cresceu comigo. Até então tudo normal, seria uma festa comum, entre amigos e familiares da aniversariante, com salgadinhos, bolos, etc. No dia do evento, tudo começou tradicionalmente comum (a aniversariante recebe os convidados, com os presentes, eles sentam-se, juntando-se em grupos por afinidade, etc.). Até que chegam cinco rapazes – com barbas definidas, altos, nada parecidos com outros meros cinco adolescentes convidados para a festa, e havia algumas sacolas discretamente suspeitas. No momento em que chegaram, a festa mudou de “rosto”. As meninas (de quinze/dezesseis anos) pareciam tentar flertar com os homens. Já os meninos, tentavam “parecer mais homens” (másculos) – para tentar atrair o sexo oposto, eu suponho. Logo, todos se juntaram em um canto – onde os rapazes haviam se acomodado – e das sacolas saltam bebidas alcoólicas de todos os tipos – e sabe-se lá o que mais –, a música se transforma em uma junção de palavras obscenas e sem sentido com “bateção de panela” (o famoso funk brasileiro) e todos se aglomeraram no centro da pista. As únicas coisas que eu vi, fora do aglomerado, eram as meninas rebolando – se não era no chão, era no colo de um garoto ou mais, já que havia em torno de quatro rapazes para uma garota na pista – e as garrafas de bebidas alcoólicas entravam e saíam como se fossem doces em festa de criança. Repentinamente, a tão comum festa de uma menina de quinze anos virou uma legítima “zona” (aos meus olhos). Eu simplesmente fiquei inerte, sentado em uma cadeira, tentando me conformar que aquilo era realmente uma festa de quinze anos…

Em certo momento, perguntava a mim mesmo: “O que os pais ou responsáveis daqueles jovens pensavam que seus filhos estavam fazendo naquela festa?”. E infelizmente, alguns sabem e “apoiam” os de menores.

Hoje – aos quinze anos de idade -, eu reflito, que futuro nós, jovens, e os próximos que virão, teremos se a maioria continuar a priorizar somente ações como: festas – como a citada anteriormente; a “tão importante” perda da “boca virgem” (o famoso “BV”) – assim como a virgindade; a necessidade de beber e vivenciar uma ressaca no dia seguinte; entre muitas outras futilidades presentes na sociedade adolescente atual.

Com certeza, os jovens devem se divertir, fazer coisas que os agradem, porém, com moderação e responsabilidade. Por exemplo: quer experimentar novas bebidas? Tudo bem, mas peça aos seus pais – a maioria irá dar um pouco, (e se não der, paciência, tudo tem sua hora) pois é uma experiência. Quer dançar, aprender novos estilos de danças (seja ela qual for)? Claro, não tem problema, isso é arte, mas realmente há necessidade de se vulgarizar tanto, ao ponto de uma pessoa de quinze anos se esfregar em outra que tem vinte?

Sempre tive a mentalidade de que na vida de uma pessoa (a minha, no caso), tudo tem sua hora, seu momento. Tem os momentos de brincar e de ser criança; de beijar outra pessoa pela primeira vez; de ter uma relação amorosa com uma pessoa; de estudar; de festejar; de focar no que realmente importa (deixando de lado as coisas fúteis); etc. Mas não é assim que a maioria dos jovens pensam.

Às vezes, penso se eu nasci no século errado, por achar algo tão popularizado e prezado pelos jovens atuais, um desperdício de tempo e sanidade mental…

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