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A Doce Aventura da Carona – Gabriel Luis Werner Kerkhoff

A primeira vez a gente nunca esquece. Não sabe como vai ser, se será bom ou ruim, se vai ser fácil ou difícil, se demorará ou não, se será divertido, se terá aventura ou será tranquilo… Todas essas dúvidas eu tive quando estava parado na beira do asfalto, para pegar pela primeira vez uma carona para voltar do IFFar, Frederico Westphalen, para casa, que fica em Tiradentes do Sul.

Naquela sexta-feira, depois de uma longa e divertida aula no IFFar, estava eu na beira do asfalto segurando minha plaquinha para tentar uma carona para voltar para casa. Como era a primeira vez, eu pouco sabia o que teria que fazer e como fazer, mas tive a sorte que meu irmão passou por isso também e me ensinou alguns macetes, que não cabe a minha pessoa contar a vocês.

A sorte estava do meu lado, consegui uma carona até Palmitinho com uma Hilux, o motorista era uma boa pessoa e gostava de uma “prosa’’. Durante o caminho ele me fez várias perguntas: onde morava, por que decidi vir para o IFFar, se sempre voltava de carona, se morava no interior… Ele até atravessou a cidade para me deixar num lugar onde era mais fácil pegar carona.

Em Palmitinho, estava complicada a coisa: além de o sol estar quente eu não conseguia carona. Mas quando estava quase perdendo a esperança, consegui uma carona com um caminhão – da prefeitura – direto até Tenente Portela.

O motorista fumava que parecia uma chaminé e também tinha o pé pesado – o caminhão chegou a 110 Km/h na descida de Palmitinho -, mas era bem legal e também gostava de um papo, fomos o caminho inteiro conversando e também contando piadas.

Em Portela, agradeci o motorista pela carona e desembarquei do caminhão. Quando estava cruzando a rua, percebi que vinha um carro e nisso abri minha plaquinha “Três Passos’’. A motorista percebeu e já encostou o carro: que alívio! Tinha conseguido carona até Três Passos.

Tinha duas mulheres no carro e elas só conversavam entre si, sobre política e sobre como as prefeituras tinham que investir o dinheiro que recebem, então aproveitei e tirei um cochilo.

Quando cheguei em Três Passos, já podia sentir o cheiro da minha terra natal, mas tinha uma distância de 30 km que nos separava, então fui eu novamente para a beira da estrada tentar uma carona.

Fiquei ali parado uns 15 minutos e nada de um carro parar. Já estava encharcado de suor de tanto calor que fazia no acostamento! De repente, veio um carro devagar e pensei “é agora que eu pego uma carona!’’ e não deu outra: o carro encostou e lá fomos eu e o motorista em direção a Tiradentes do Sul em uma Saveiro branca.

No início do percurso, percebi que o piá que dirigia a Saveiro tinha um pé mais pesado que motorista do caminhão, mas que nada – o interessante era que eu ia conseguir chegar em casa! O piá também era formado em técnico em agropecuária, só que se formou em Bom Progresso. Durante o trajeto, nós tivemos que parar duas vezes para descarregar tintas que ele ia entregar em Tiradentes. De repente ele começou a acelerar – 100 km/h, 110 km/h, 115 km/h, 120 km/h… Chegou até 140 km/h e a última curva para chegar em Tiradentes ele fez cantando pneu.

Quando abri a porta da Saveiro para descer em Tiradentes, meu boné caiu em uma poça de água e ficou tudo encharcado – que azar que eu tive! -, mas peguei minha mochila, meu boné, agradeci ao motorista e fui caminhando rumo à casa dos meus tios esperar meu pai que vinha me buscar. Felizmente, ocorreu tudo certo e cheguei ao meu destino final.

Muitas vezes a vida é incerta como uma carona, você sabe aonde quer chegar, mas não sabe o que e como terá de fazer para alcançar seu objetivo: não faz a mínima ideia se vai demorar ou se vai ser rápido, não sabe se encontrará dificuldades e empecilhos no caminho, se vai ser uma aventura legal ou um tédio total. A gente sabe aonde quer chegar, mas não sabe se vai conseguir uma carona direto ou terá que pegar várias. Às vezes alcançamos nosso objetivo direto, só que em outras vezes pegamos vários caminhos e demora muito mais.

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