Lembro que, quando completei seis anos, já tinha boa parte do material escolar na mochila, ansiosa pelo início das aulas. Foram dias de ansiedade, e ainda mais de curiosidade pelo mundo que havia lá na frente. Ficava imaginando como seria a sala de aula, quantos colegas teria, como seria a professora, e claro, pensava também o que faríamos durante toda a tarde. Eu já entendia que ir para a escola não era só para brincar.
Então, o primeiro dia chegou. Lembro como se fosse hoje, que quase não consegui almoçar de tanta ansiedade. Estudaria a tarde, então por volta das 12:30, o transporte escolar me apanharia em casa. E o friozinho na barriga foi crescendo, até porque ali mesmo no transporte eu encontraria crianças que eu não conhecia, e algumas mais velhas. De certo modo, eu tinha timidez para encarar essas coisas. Mas, o caminho até a escola foi mais tranquilo em relação a isso.
Ainda com um tempinho antes de tocar o sinal para entrada na sala, pude fazer o reconhecimento da escola. Me deparei com um pátio lindo, todo colorido assim como as paredes da escola, coberta com pinturas de desenhos. A sensação preencheu minhas expectativas. Era tudo como eu havia imaginado. Mais para o fundo do portão de entrada tinha alguns brinquedos em uma área com areia, tinha criança da minha idade correndo para todo lado, os brinquedos da pracinha girando e rangindo.
O sinal tocou e eu estava ainda mais ansiosa para saber como seria minha professora e quais daquelas crianças que estavam brincando no pátio seriam meus colegas. Com alguns eu até já tinha iniciado uma amizade, e sabia que seriam meus colegas. Mas sentia que tinha muita coisa legal por acontecer. Meus colegas eram poucos, mas bem diferentes, e foi o meu primeiro contato com tantas crianças da minha idade. Todas diferentes em vários aspectos, como a cor da pele, o tamanho, a cor do cabelo, o jeito de se vestir… Meus pais já haviam explicado muitos valores em casa, e vi que, mesmo ainda com seis anos, pensei que seria a hora de usar aquelas explicações na prática. Porém, na minha cabeça surgiam várias perguntas, como por exemplo, “Será que vamos conseguir ser amigos, com tantas diferenças? Será que eles vão gostar de mim? Será que vou conseguir me enturmar apesar de ser tímida?”
A professora, então, chegou e iniciou uma atividade na qual ela se apresentou primeiro. Seu nome era Rosane, e ela parecia muito amável. Em seguida, nós colegas fomos nos apresentando, dizendo o nome e quantos anos tínhamos. Cada um contou um pouco de como era sua vida e quais eram seus sonhos. Cada um com uma vida diferente e sonhos diferentes, e aquelas perguntas que não saiam da minha cabeça…
A professora fez uma “mini palestra” falando sobre valores, os principais eram educação e respeito. Lembro até hoje que ela também falou daquelas diferenças que meus pais já tinham falado, e percebi que todos os dias estaria no meio de todas as diferenças, mas já me sentia como parte de uma família. E essas diferenças, hoje sei que são características de cada pessoa, e não diferenças no sentido ruim.
A tarde passou muito rápido, então chegou a hora de ir para casa. E ao final de tudo, com ajuda das explicações dos meus pais e da palestra da minha professora, encontrei as respostas para minhas perguntas. Aprendi que com educação e respeito ir para a escola todo dia seria a coisa mais legal do meu dia, porque estaria perto de crianças da minha idade, e como elas eram diferentes aprenderia coisas novas.