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Infância – Luana Severo Freitas

Hoje, me peguei pensando o quanto a minha infância foi boa. Nasci em uma cidade chamada Jatay, que fica no estado de Goiás. Fui criada no interior, afastada de vizinhos. As pessoas que faziam parte de meu dia-a-dia eram meu pai, que trabalhava em uma fazenda ao lado, e minha mãe, que ficava o dia todo em casa cuidando de mim e fazendo seus serviços diários. Lembro-me muito bem de minhas artes em que eu aprontava com minha mãe e com meu pai.

Uma vez, em um dia que fazia muito frio, eu tinha uns cinco anos de idade, eu liguei uma torneira e tomei um banho, de tênis e casaco! Quando minha mãe me viu, ela me deu um xingão daqueles!

Eu adorava quando era a época das plantações de milho: quando as espigas de milho estavam verdes, ia até a lavoura, arrancava uma ou duas espigas e levava para casa, para brincar de boneca, pois as espigas tinham o cabelo colorido, e dizia que eram minhas bonecas.

Adorava subir nos pés de jabuticaba. Subia lá no alto e lá ficava. Comia as jabuticabas e ficava cantando, até que uma abelha se aproximasse e me fizesse descer de medo dela.

Uma vez, meu pai deixou o trator em que ele estava trabalhando em uma descida e foi carpir a horta que havia lá na fazenda. Eu consegui escapar da minha mãe e fui até lá, subi no trator e, sem querer, liguei o trator! E ele começou a descer cerro abaixo. Quando olhei para o lado, vinha meu pai correndo atrás do trator, querendo pará-lo! Graças a Deus, eu consegui virar a direção e o trator calçou em um barranco. Quase matei meus pais de susto! Isso que eu tinha apenas uns sete anos de idade quando fiz essa proeza.

Sem contar as brincadeiras que eu e meus amigos aprontávamos no ônibus, pois eram feitos 100 km para ir à escola e voltar. Aí, tinha vezes que o ônibus estragava e nós ficávamos felizes da vida, porque íamos chegar atrasados na escola. Eu tinha que acordar as 04h30min da manhã para pegar o ônibus e, como era um longo trajeto, era raro o dia em que eu não passava mal. Nos dias que eu não passava mal, ia fazendo folia com os outros, cantando alto, me escondendo atrás dos bancos do ônibus, quando a brincadeira era esconde-esconde, entre outras folias que fazíamos.

Sem dúvidas, tive uma ótima infância!

Os tempos se passaram, nasceu meu irmão e viemos embora para o Rio Grande do Sul. Atualmente, estamos morando em Erval Seco – RS, e agora eu comparo a minha infância com a dele. Ele tem sete anos de idade, e nesses sete anos eu percebi que ele não brinca das mesmas brincadeiras com as quais eu costumava brincar quando eu tinha a sua idade. Hoje em dia, ele passa a maior parte de seu dia mexendo em seu celular, jogando jogos, vendo vídeo no YouTube, e é raro eu o ver brincando quando chega da escola. Ele chega da escola e é reto para frente do celular.

Para ele ir à escola, basta atravessar a rua e pronto.

Como as coisas mudam de um lugar para o outro! E como a tecnologia avançou de pouco tempo. E isso ainda mudará muito, e chegará a um ponto no qual a infância será a base da tecnologia e não mais como era há alguns anos, em que as crianças viviam mais no ar livre. Eu, por exemplo, não tive esse contato com a tecnologia quando era criança. E isso, ao meu ponto de vista, está prejudicando muito as crianças, por que está as privando do mundo, deixando elas viciadas, cada vez mais querendo estar ali, e fazendo-as esquecerem que existem inúmeras coisas para fazer, além disso. E que o mundo não gira apenas entorno de um aparelho eletrônico.

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