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Dossiê Missões: As Ruínas – Jean Baptista

94(816.5) / B222d Exemplares: 04

O que são “Ruínas”? No dicionário Soares, Amora significa ruir, cair. Em termos arquitetônicos é o que descreve o destroço ou vestígio de uma estrutura. Mas, para o imaginário coletivo, ruínas também significa abandono, perda, deixar para trás o que plantamos, o que vivemos. Esse último significado está muito mais presente do que o dito no dicionário. Trabalhar para conseguir transformar essas percepções do público é muito difícil, embora instigante. Podemos ver o quanto os visitantes, ao se depararem com as ditas “Ruínas” do Sítio Arqueológico São Miguel Arcanjo, pensam acerca delas. Muitos choram, outros se “arrepiam” emocionados, outros sentem como se vivessem no tempo de outrora, outros riem, outros simplesmente acham bonito, etc. Mas, uma coisa é certa: todos experimentam algum tipo de emoção quando se depararam com a grandiosa construção. Emoção por vezes tão singular que sequer conseguem explicá-la. São fenômenos como esse que nos impulsionam a introduzir o Museu das Missões no campo da pesquisa histórica missioneira do sul do Brasil.

Neste último dossiê, As Ruínas, os autores Maria Cristina Razzera dos Santos e Jean Baptista trazem para nós uma trajetória histórica e ao mesmo tempo poética do que ocorreu no território das Missões, em particular após a expulsão e extinção da Companhia de Jesus, a partir da segunda metade do século XVIII até fins do século XIX. No caso de Santos, sua narrativa perpassa os amplos interesses e diversas dificuldades que os novos “administradores” enfrentaram para gerir os antigos povoados missionais, assim como demonstra a postura indígena perante a nova ordem que se iniciava. Já Baptista, a partir de registros deixados por viajantes sobre as Missões, explora o avanço da natureza sobre o trabalho dos homens, a chegada dos imigrantes, a miscigenação, os “caçadores de tesouros” e a interessante história dos indígenas e das esculturas missionais que continuaram a circular pela região.

Ao acompanhar o que nos conta a documentação apresentada por este dossiê, podemos constatar que sempre é mais fácil e rápido destruir do que construir. Percebemos, ainda, que em cerca de poucas décadas pode-se consumir um trabalho de longos anos. Pensar as ruínas agora como remanescentes, ou seja, como vestígios de história, de memória, é uma preocupação constante para os pesquisadores da temática missioneira. Realizar esta publicação, que será a primeira do Museu das Missões, como resultado de uma pesquisa bem fundamentada e detalhada é, certamente, de extrema importância para que o Museu se constitua, de fato, como laboratório de pesquisa sobre a história das Missões, uma vez que a instituição museu tem como um de seus princípios básicos a pesquisa.

  • Leia o livro em PDF aqui.

Jean Baptista

Jean Baptista nasceu em Porto Alegre, Em 1976, e iniciou seus estudos de História em 1997. Desde então, dedica-se à investigação dos Manuscritos da Coleção de Angelis, um dos principais acervos de documentos gerados durante a experiência das missões.

Enquanto se doutorava no curso de pós graduação em História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS-2004-2007), sob a orientação de Maria Cristina Razzera dos Santos, participou de pesquisas financiadas pena Capes e CNPq, tais como o projeto Xamanismo e Cura na Coleção De Angelis e Lideranças Indígenas.

O autor integrou ainda o projeto de Requalificação do Museu das Missões, quando, em 2006, elaborou a primeira versão dos dossiês que compõem esta coleção.

Sua atividade docente inclui o ensino da disciplina América nos cursos de graduação em História da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e da Universidade Federal de Rio Grande (Furg). Atualmente, leciona as disciplinas de América Latina e América do Norte no curso de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) de Porto Alegre.

Maria Cristina Dos Santos

Maria Cristina Dos Santos é professora adjunta da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e editora da Revista Estudos Ibero-Americanos. Tem larga experiência na área de História, com ênfase em História da América, atuando principalmente nos seguintes temas: metodologia da pesquisa, teorias da história, análise de discurso missionário, etnohistória, história indígena e política indigenista.

Possui graduação (1985), mestrado (1988) em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado em História da América pela Universidade Complutense de Madri (1993). Em 2008, na mesma Universidade realizou estágio de pós-doutorado junto ao Departamento de Antropologia da América.

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