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História Geral da Civilização Brasileira: A Época Colonial – Sérgio Buarque de Holanda

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A História Geral da Civilização Brasileira é uma coleção sem paralelo na nossa produção intelectual, abrangendo cronologicamente toda a História do Brasil, em um nível de tratamento elevado, mas não indecifrável. Constitui-se de uma coleção de 11 volumes, dirigida por Sérgio Buarque de Holanda (períodos colonial e monárquico) e Boris Fausto (período republicano). A obra analisa diferentes campos da formação histórica do país, desde a organização material da sociedade até as formas da cultura e do pensamento.

Os dois primeiros volumes foram dedicados à época colonial. Diferentes especialistas estudam o processo de constituição e consolidação do Brasil como colônia portuguesa, abrangendo desde os aspectos econômicos e sociopolíticos até temas como os da medicina colonial, a música barroca, as expedições científicas.

O período monárquico é tratado em cinco volumes. Abre-se com a análise das condições de emancipação do Brasil e se encerra com a crise do regime monárquico e a transição para a República, em um volume, hoje clássico, inteiramente escrito por Sérgio Buarque de Holanda.

O período republicano divide-se cronologicamente em duas épocas: uma anterior e outra posterior a 1930, ano de crise mundial e de resolução no Brasil. Nestes volumes, em número de quatro, diferentes autores analisam desde o processo de implementação da chamada República velha até as complexas estruturas e relações sociais que caracterizam o Brasil de anos mais recentes. Ao mesmo tempo figuram nos volumes textos sobre a produção cultural,, abrangendo o cinema, o teatro, a música popular etc.

Nos livros que encerram cada período, há na parte final uma bibliografia e uma cronologia sumária. Esta indica os acontecimentos relevantes no Brasil e no mundo que servem de marco de referência para o período considerado.

Convivem na História Geral da Civilização Brasileira algumas gerações de intelectuais, que expressam muitas vezes pontos de vista diversos, a partir de diferentes ângulos de abordagem. Os organizadores da coleção consideram bem-vinda esta pluralidade. Isto porque buscaram não só informar o leitor da maneira mais ampla possível, como também dar-lhe instrumentos adequados para um reflexão própria. Não foi acaso que destacaram uma visão triunfalista da nossa História (tão distante da realidade), levada a cabo por grandes personagens capazes de mover o mundo. Não foi por acaso também que deixaram de lado uma visão histórica na qual desponta um quadro predeterminado e os processos históricos e as ações humanas acabam por ser peças de um jogo cujo resultado se sabe de antemão.

As questões se abrem a partir da linha de interseção entre condicionamentos socioeconômicos, culturais etc. e as opções possíveis dos seres humanos que fazem a História. Há mais de uma resposta para estas questões, e o leitor, bem-informado, terá certamente a sua.

Sérgio Buarque de HolandaResultado de imagem para Sérgio Buarque de Holanda

Sérgio Buarque de Holanda nasceu em São Paulo no dia 11 de julho de 1902, era filho de Cristóvão Buarque de Holanda e de Heloísa Buarque de Holanda. Estudou no Ginásio S. Bento e na Escola Modelo Caetano de Campos, onde escreveu a valsa “Vitória Régia”, editada na revista Tico-Tico após dois anos. Foi aluno do Afonso de E. Taunay.

No ano de 1921 foi para o Rio de Janeiro junto com sua família; Participou ativamente do Movimento Modernista de 22 sendo nomeado por Mário e Oswald de Andrade o representante do grupo perante a revista Klaxon no Rio de Janeiro.

O ano de 1925 foi importante em sua vida, pois formou-se em direito pela Universidade do Brasil; em 1926, recebeu uma proposta de trabalho para assumir a direção do jornal “O Progresso”, em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, para onde se mudou. No mesmo ano lançou em parceria com Prudente de Morais Neto uma revista intitulada “Estética”.

Em 1927 decidiu voltar para o Rio de Janeiro, passando a trabalhar na imprensa carioca como jornalista do “Jornal do Brasil”. Em 1929 foi para a Europa como representante dos Diários Associados, estabelecendo residência em Berlim, local em que conheceu as idéias de Max Weber e acompanhou os seminários de Friedrich Meinecke.

Passou a trabalhar como colaborador, no ano de 1930, na revista “Brasilianische Rundschau” do Conselho do Comércio Brasileiro de Hamburgo. Em 1936 retornou ao Brasil e iniciou seu trabalho na Universidade do Distrito Federal no cargo de professor-assistente de Henri Hauser na área de história moderna e contemporânea, além de dar aulas de literatura comparada como auxiliar de um professor chamado Trouchon.

Neste mesmo ano Sérgio Buarque de Holanda publicou sua obra-prima, aquela que é considerada a mais importante já editada no Brasil, intitulada “Raízes do Brasil”. Em 1939, a Universidade do Distrito Federal encerrou suas atividades e Sérgio foi chamado por Augusto Meyer para assumir a direção da seção de publicações do Instituto Nacional do Livro.

Passados três anos, em 1944, tornou-se diretor da Divisão de Consulta da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; no ano seguinte contribuiu para a edificação da Esquerda Democrática; No mesmo ano vai para São Paulo para tomar parte no Congresso de Escritores e acaba sendo nomeado presidente da seção do Distrito Federal da Associação Brasileira de Escritores.

Sérgio era um homem muito ativo, nunca estagnava, estava sempre se renovando, em 1946, volta para São Paulo, para assumir o posto de diretor do Museu Paulista no lugar de seu antigo professor Afonso Taunay. No ano seguinte aderiu entrou para o Partido Socialista e encarregou-se de assumir as aulas de professor de História Econômica do Brasil na Escola de Sociologia e Política em substituição a Roberto Simonsen.

Em 1952 foi com a família para a Itália, ai permanecendo por dois anos na função de professor convidado na cadeira de Estudos Brasileiros da Universidade de Roma. Em 1957 foi agraciado com o Prêmio Edgar Cavalheiro do Instituto Nacional do Livro pela publicação de Caminhos e Fronteiras.

Em 1958 prestou um concurso público e garantiu uma cadeira de História da Civilização Brasileira na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo defendendo a tese Visão do Paraíso – os motivos edênicos no descobrimento e na colonização do Brasil.

Em 1962 Sérgio Buarque de Holanda foi eleito o primeiro diretor do Instituto IEB (Instituto de Estudos Brasileiros). Durante cinco anos (1963 a 1967) percorreu como professor-visitante as Universidades do Chile e dos Estados Unidos além de fazer parte de algumas missões culturais pela UNESCO no Peru e Costa Rica.

Em 1969 solicitou sua aposentadoria de catedrático da USP em solidariedade aos seus colegas que haviam sido afastados de suas atividades pelo AI-5. Em 1967 ganhou o Prêmio de Governador do Estado na seção de literatura e em 1979 o Prêmio Juca Pato, considerado o intelectual do ano; em 1980 foi membro-fundador do Partido dos Trabalhadores.

Perdemos esta ilustre figura que tanta falta nos faz no dia 24 de Abril de 1982.

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