Esta obra representa uma tentativa inédita de oferecer uma visão estruturalista da problemática brasileira dentro de uma linha eminentemente histórica.
Partindo do pressuposto de que uma Nação não se constrói do nada, mas é resultado, ao longo do tempo, do complexo jogo de forças sócio-econômicas e culturais, decorrentes da vida individual e grupal de seus cidadãos, que por sua vez também as determinam, o Autor examina fatos e figuras que atuaram como fatores constitutivos e modificadores da nossa História, buscando suas correlações não só dentro da realidade de suas épocas como também no todo de nossa vida nacional.
Barbosa Lessa não se limita, porém, a estabelecer essas interações internas que estão na origem de nossa atual situação histórica. Fiel à orientação adotada, remete, a cada passo, as etapas do processo brasileiro à conjuntura mundial em que se desenvolveram, observando mútuas influencias.
Dividida em dois volumes, a obra repassa, sob esse enfoque integrador, o desenrolar de nossa História e da História Universal, desde o Descobrimento, os ciclos da cana-de açúcar e do ouro, a Inconfidência e a Independência, o Primeiro volume na Campanha Abolicionista. No segundo, são vistos a República Velha, o ciclo do café, a Revolução de 30 e os governos da Revolução de 31 de março de 1964, finalizando-se este volume com a Crise do Petróleo e suas repercussões no governo Figueiredo.
Atualíssima, esta é uma exposição esclarecedora não só para estudantes de 1º, 2º e 3º Graus, nas disciplinas de Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política do Brasil, Problemas Brasileiros e especialmente História do Brasil. Pelo seu posicionamento crítico, interessa a todos os cidadãos brasileiros preocupados em entender as raízes de sua presente circunstância político-social.
Escrito com clareza, profusamente ilustrado, em linguagem que propositadamente foge aos tecnicismos e teorizações edeológicas, Problemas Brasileiros recomenda-se a todas as escolas do País pela concepção Inovadora que introduz nos estudos brasileiros.
Barbosa Lessa
Nasceu em 13 de dezembro de 1929, numa chácara nas imediações da histórica vila de Piratini (capital farroupilha), RS. Devido à dificuldade para cursar uma escola regular, teve de aprender as primeiras letras e quatro operações com sua própria mãe, a qual, ao se improvisar de professora, também lhe ensinou teoria musical, um pouco de piano e, inclusive, uma novidade na época chamada datilografia.
Bacharel pela Faculdade de Direito de Porto Alegre (UFRGS), 1952.
Formando com seu amigo Paixão Côrtes uma abnegada dupla de pesquisadores, de 1950 a 1952, realizou o levantamento de resquícios de danças regionais e produziu a recriação de danças tradicionalistas. Resultado dessa pesquisa da dupla foi o livro didático “Manual de Danças Gaúchas” e o disco long-play (o terceiro LP produzido no Brasil) “Danças Gaúchas”, na voz da cantora paulista Inezita Barroso.
Incentivou a realização do Primeiro Congresso Tradicionalista do Rio Grande do Sul, levado a efeito na cidade de Santa Maria, em 1954, quando apresentou e viu aprovada sua tese de base socióloga “O Sentido e o Valor do Tradicionalismo”, definidora dos objetivos desse movimentos.
E numa bibliografia de cerca de cinqüenta títulos, destacam-se os romances “República das Carretas” e “Os Guaxos” (prêmio 1959 da Academia Brasileira de Letras), os contos e crônicas de “Rodeio dos Ventos”, o ensaio indigenista “Era de Aré”, a tese pioneira “O sentido e o Valor do Tradicionalismo”, o ensaio “Nativismo, um fenômeno social gaúcho”, “Mão Gaúcha, introdução ao artesanato sul-rio-grandense”, o álbum em quadrinhos “O Continente do Rio Grande” (com desenhos de FLávio Colin) e os didáticos “Problemas brasileiros, uma perspectiva histórica””, “Rio Grande do Sul, prazer em conhecê-lo”, e “Primeiras Noções de Teatro”. Também os dois volumes do Almanaque do Gaúcho.
Foi Conselheiro Honorário do MTG – Movimento Tradicionalista Brasileiro.
Faleceu em onze de março de 2002