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Memorial de Aires – Machado de Assis

Memorial de Aires é o último romance de Machado de Assis; foi publicado em 1908, mesmo ano em que Machado de Assis faleceria, e caracteriza-se por breves relatos, saudosismo, doçura, melancolia, suavidade leveza e amor ao próximo.

A exemplo de Memórias Póstumas de Brás Cubas, não tem propriamente um enredo aos moldes dos romances tradicionais da época, antes, estrutura-se em forma de diário, escrito por um conhecido do leitor machadiano: o Conselho Áries, o mesmo do romance Esaú e Jacó, personagem/narrador que vai juntando vários fragmentos e tecendo a narrativa, envolvendo as pessoas que o cercam e por quem tem carinho e apreço.

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Memorial de Aires é considerado por críticos literários como um romance de caráter psicológico, pois apresenta temas como a frivolidade da elite da sociedade brasileira ao final de 1800 e a dificuldade das relações amorosas. Ao contrário de outros romances de Machado de Assis, esta obra não é permeada pelo sarcasmo ou pela ironia. Além disso, a narração não é feita por um narrador onisciente. Desenrola-se através de um observador tentando desvendar o íntimo de personagens bondosos e simples.

Memorial de Aires apresenta um enredo narrado pelo Conselheiro Aires, que remonta em um diário os anos de 1888 e 1889, em que viveu como um diplomata idoso e aposentado no Rio de Janeiro. Com várias observações argutas em suas memórias, Aires chega a enganar e confundir os leitores. Segundo Alfredo Bosi, crítico, professor universitário  e historiador da literatura nacional, o Conselheiro Aires “ouve mais do que fala e concilia o quanto pode”.

Nas páginas de Memorial de Aires são apresentadas pessoas com quem o narrador conviveu, citações de leituras e obras que leu quando era diplomata e reflexões sobre fatos passados que ocorreram na política. Uma das principais personagens descritas por Aires é Fidélia, moça mais jovem por quem ele se interessou. Devido à idade avançada, Aires nunca revelou seu amor à Fidélia, considerada uma filha para o casal Dona Carmo e Aguiar, que não pode ter filhos.

Outro personagem do livro é Tristão, rapaz também considerado como um filho pelo casal Aguiar. Aires mostra a tristeza do casal ao ver o jovem, que após viajar à Europa e se tornar médico, retorna ao Brasil, casa-se com Fidélia e a leva para viver com ele no continente europeu. Ao final de Memorial de Aires, o narrador acompanha a solidão do casal, que fica sozinho sem Fidélia e sem Tristão.

Machado de Assis

Machado de Assis foi o principal nome do Realismo brasileiro, o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras e um dos escritores mais aclamados da literatura. O carioca nascido no Morro do Livramento atuou como jornalista, crítico, cronista, dramaturgo e poeta.

Machado escreveu contos, crônicas, poemas e romances, deixando a sua contribuição para diferentes gêneros literários. No começo da carreira, apostou em textos mais conservadores, com influência romântica. Depois, foi o Realismo que ficou mais presente nas suas obras. O autor, inclusive, é lembrado como um dos escritores mais importantes do Realismo.

Com sua extensa produção, conseguiu influenciar escritores como Olavo Bilac e Lima Barreto. Além de ganhar a admiração de outros tantos, em especial do amigo José de Alencar.

 

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