La Chute (na França e no Brasil, A Queda) é um romance filosófico de autoria do escritor francês Albert Camus. Publicado pela primeira vez em 1956, é a última obra completa de ficção do autor. Se passa em Amsterdã, e consiste de uma série de monólogos dramáticos do auto-proclamado “juiz-penitente” Jean-Baptiste Clamence, à medida que ele reflete sobre sua vida para um estranho. No que acaba sendo uma confissão, Clamence conta sobre seu sucesso como um rico advogado de defesa parisiense, altamente respeitado por seus colegas; sua crise, e sua derradeira “queda”, tem como meta invocar, em termos seculares, a Queda do Homem, no Jardim do Éden. O livro explora temas como a inocência, a prisão, a não-existência e a verdade.
O estilo narrativo de Camus é um tipo de monólogo em segunda pessoa, escrito nos moldes das Notas do Subterrâneo, de Fiódor Dostoiévski. Os dois autores usaram seus personagens principais para se dirigir diretamente aos leitores; a narrativa de Camus, no entanto, foi escrita no presente e na primeira pessoa, assumindo assim que o leitor se juntará ao personagem principal, Clamence, na esfera de discurso imaginada pelo romance. Numa eulogia a Albert Camus, o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre descreveu o romance como “talvez o mais belo e menos compreendido” dos livros de Camus.
“ | Nenhum homem é hipócrita nos seus prazeres.” | ” |
Sobre o autor
Albert Camus nasceu na costa da Argélia numa localidade chamada Mondovi (hoje denominada Dréan) durante a ocupação francesa numa família “pied-noir“. Seu pai, Lucien Auguste Camus (1885-1914), era francês nascido na Argélia e sua mãe, Catherine Hélène Sintès (1882-1960), também nascida na Argélia era de origem minorquina (Sant Lluís). Camus conhece cedo o gosto amargo da morte, seu pai morreu em 1914, na batalha do Marne durante Primeira Guerra Mundial. Sua mãe então foi obrigada a mudar-se para Argel, para a casa de sua avó materna, no famoso bairro operário de Belcourt onde, anos mais tarde, durante a guerra de descolonização da Argélia houve um massacre de muçulmanos.
O período de sua infância, apesar de extremamente pobre é marcada por uma felicidade ligada à natureza, que ele volta a narrar em O Avesso e o Direito, mas também em toda a sua obra. Na casa, moravam além do próprio Camus, seu irmão que era um pouco mais velho, sua mãe, sua avó e um tio um pouco surdo, que era tanoeiro, profissão que Camus teria seguido se não fosse pelo apoio de um professor da escola primária Louis Germain, que viu naquele pequeno pied-noir um futuro promissor. A princípio, sua família não via com bons olhos o fato de Albert Camus seguir para a escola secundária, sendo pobre, e o próprio Camus diz que tomar essa decisão foi difícil para ele, pois sabia que a família precisava da renda do seu trabalho e, portanto, ele deveria ter uma profissão que logo trouxesse frutos – como a profissão do seu tio. No fundo, Camus também gostava do ambiente da oficina onde o tio trabalhava. Há um conto escrito por ele que tem como cenário a oficina, e no qual a camaradagem entre os trabalhadores é exaltada.
Sua mãe trabalhava lavando roupa para fora, a fim de ajudar no sustento da casa. Durante o segundo grau, ele quase abandonou os estudos devido aos problemas financeiros da família. Foi neste ponto que um outro professor foi fundamental para que o ganhador do prêmio Nobel de 1957 seguisse estudando e se graduasse em filosofia: Jean Grenier. Tanto Grenier quanto o velho mestre Guerin serão lembrados, posteriormente, pelo escritor. O Homem Revoltado (1951) é dedicado a Grenier, e Discursos da Suécia (que inclui o discurso pronunciado por Camus, ao receber o Nobel), a Germain.
Sua dissertação de mestrado foi sobre neoplatonismo e sua tese de doutoramento, assim como a de Hannah Arendt, foi sobre Santo Agostinho.
Em 1938, Camus ajudou a fundar o jornal Alger Républicain e durante a Segunda Guerra Mundial até 1947, colaborava com o jornal Combat, além de ter colaborado no jornal Paris-Soir.FacebookTwitterWhatsAppTelegramCompartilhar