O gergelim (Sesamum indicum L.), da família Pedaliácea, é uma das plantas oleaginosas mais antigas e usadas pela humanidade. Considera-se a África o continente de origem do gergelim, porque ali existe a maioria das espécies silvestres do gênero Sesamum, ao passo que na Ásia se encontra uma riqueza de formas e variedades das espécies cultivadas. No Brasil do século 16, o gergelim foi introduzido, na Região Nordeste, pelos portugueses, e foi tradicionalmente plantado para consumo local. Na Venezuela, desenvolveu-se como cultura comercial em virtude das condições climáticas muito favoráveis, bem como dos trabalhos de pesquisa que difundiram tal cultura. Na América do Norte, foi introduzido no fim do século 17 por escravos africanos. 10 Com ampla adaptabilidade às condições edafoclimáticas de clima quente, o gergelim tem bom nível de resistência à seca, e é fácil de ser cultivado: características que o transformam em excelente opção de diversificação agrícola por seu grande potencial econômico nos mercados nacional e internacional. Com efeito, tanto a elevada qualidade de seu óleo como sua alta concentração equivalente a 50%, em média, do peso da semente favorecem a aplicação do gergelim na indústria alimentícia e na indústria química de óleos, as quais se encontram hoje em plena ascensão, em decorrência do aumento anual de, aproximadamente, 15% na quantidade de produtos industrializáveis para consumo, o que gera demanda por produtos in natura e mercado potencial capaz de absorver quantidades superiores à oferta atual.
Atualmente o gergelim é cultivado em 71 países, em especial da Ásia e da África. A produção mundial é estimada em 3,16 milhões de toneladas, e, a superfície cultivada, em 6,56 milhões de hectares, com uma produtividade de 481,40 kg/ha. Índia e Myanmar são responsáveis por 49% da produção mundial de gergelim. O Brasil, por sua vez, é um pequeno produtor dessa planta, com 15 mil toneladas produzidas em 25 mil hectares, e com um rendimento em torno de 600,0 kg/ha (FAO, 2005). Além do cultivo tradicional na maioria dos estados nordestinos, o gergelim é cultivado também em São Paulo, em Goiás (maior produtor), no Mato Grosso e em Minas Gerais. No Nordeste, a exploração comercial do gergelim teve início em 1986, após a drástica redução no cultivo do algodão, embora seja explorado há mais de 60 anos na Região Centro-Sul do País, especialmente no Estado de São Paulo, para atender ao segmento agroindustrial oleaginoso e de alimentos in natura. Ainda que com produção inferior à da maioria das oleaginosas cultivadas, tais como soja, coco, dendê, amendoim, girassol e mamona, o cultivo do gergelim representa excelente opção agrícola ao alcance de pequenos e médios produtores, por exigir práticas agrícolas simples e de fácil assimilação. Em virtude da alta cotação dessa
oleaginosa no comércio internacional, se mantidos os atuais níveis de produtividade pode-se expandir a área cultivada de gergelim e conquistar-se parcela do mercado externo com o excedente de produção, garantindo se, assim, ao Nordeste, e a outras regiões,
mais essa fonte de divisas. Em alguns países asiáticos, essa oleaginosa tem significativa importância econômica e social. Desde 1986 a Embrapa Algodão, sediada em Campina Grande, PB, vem desenvolvendo projetos de pesquisa com enfoque nessa oleaginosa, que, além de ser tolerante à seca, e de fácil cultivo, apresenta alto potencial agronômico e pode ser usada em consórcio e na rotação de culturas. Consorciado com o algodão, o gergelim funciona como “cultura armadilha” para a mosca-branca, e como controle de formigas cortadeiras. Trata-se de uma cultura que se insere tanto nos sistemas tradicionais de cultivo como na agricultura sustentável e orgânica. Com grande heterogeneidade, anual ou perene, de características morfológicas, o gergelim mede de 50 cm a 3 m de altura, possui caule ereto, com ou sem ramificações, com ou sem pelo, e sistema radicular pivotante. As folhas apresentam-se alternadas ou opostas, e as da parte inferior da planta adulta são mais largas e irregularmente dentadas ou lobadas, ao passo que as da parte superior são lanceoladas. As flores são completas e axilares, e variáveis de 1 a 3 por axila foliar. O fruto possui forma de uma cápsula alongada, pilosa, deiscente (que, ao atingir a maturação, abre-se e espalha as sementes pelo chão), ou indeiscente (que não se abre ao atingir a maturação), de 2 a 8 cm de comprimento conforme a variedade. As sementes são pequenas – mil delas pesam de 2 a 4 g dependendo da cultivar e do ambiente. A cor das sementes possui tons que variam do branco ao preto.