Nos últimos anos, o cultivo de fruteiras no trópico semiárido do Nordeste brasileiro tem-se mostrado uma atividade atraente graças às condições de solo e clima e à adaptabilidade de várias espécies frutíferas, que favorecem a implantação de pomares comerciais. A atividade frutícola ocupa uma posição de destaque em 14 polos de irrigação do Nordeste, que estão em franco desenvolvimento. As condições locais permitem a produção de frutas durante quase todo o ano, inclusive no período em que os mercados europeu, asiático e norte-americano estão desabastecidos, entre outubro e abril. A Região do Sub médio São Francisco, com cerca de 100 mil hectares irrigáveis, destaca-se como um dos principais polos de irrigação do Nordeste brasileiro, onde várias fruteiras são cultivadas comercialmente com sucesso. A acerola, ou cereja-das Antilhas, está implantada em aproximadamente 600 hectares e essa área mostra tendência de crescimento.
O Nordeste tem, hoje, uma área em tomo de 3.100 hectares plantada com acerola, destacando-se, no Brasil, como a região de maior produção. O País tem uma área plantada de, aproximadamente, 7.200 hectares com essa frutífera. Estima-se, atualmente, uma produtividade média de 10 toneladas hectare/ano e uma produção em tomo de 150 mil toneladas de frutas por ano. O Nordeste participa com aproximadamente 64% desse total. Quarenta e três por cento dos produtores são classificados como médios, cultivando uma área de 5 a 30 hectares. Os pequenos produtores, cuja área de produção não ultrapassa 5 hectares, representam 33%, ao passo que os grandes, que cultivam áreas acima de 30 hectares, representam cerca de 24% dos produtores.
A comercialização de acerola no mercado interno apresenta, na atualidade, a seguinte distribuição: 46% destinam-se à indústria de processamento; 28%, ao mercado atacadista; 19%, ao mercado varejista, sendo 70/0 comercializados entre associações e cooperativas. A aceroleira, como se vê, tem atraído o interesse dos fruticultores não só da Região do Sub médio São Francisco, que envolve áreas dos Estados de Pernambuco e Bahia, como também de outros polos agrícolas, em virtude da procura cada vez maior dessa fruta para consumo in natura ou sob a forma de suco. A acerola é também uti lizada na fabricação de licores, geleias, doces em calda e em pasta, sorvetes, chicletes e bombons. O consumo em expansão dessa fruta deve-se, basicamente, a seu teor de ácido 11 ascórbico (vitamina C) que, em algumas variedades, alcança até 5.000 mg por 100 g de polpa. Esse índice chega a ser 100 vezes superior ao da laranja e 10 vezes ao da goiaba, frutas tidas como as de mais alto conteúdo dessa vitamina. Dada a importância da vitamina C, a acerola é hoje, em termos relativos e com tendência a expansão, uma das principais culturas de exportação da fruticultura brasileira. Está sendo consumida de várias formas e de modo crescente, principalmente pelos japoneses, europeus e norte-americanos. Ao contrário da maioria das nossas frutas de exportação, a acerola registra consumo crescente também no mercado interno.
O consumidor brasileiro tornou-se mais consciente da importância dos alimentos naturais para a saúde humana, O que tem contribuído para fortalecer e difundir o consumo da acerola. Estima-se que o consumo interno de acerola, no período de junho de 1996 a junho de 1997, tenha sido em torno de 26 mil toneladas. Com isso, acentua-se a oportunidade do cultivo da aceroleira como atividade comercial orientada tanto para o abastecimento do mercado interno como, e principalmente, para exportação. Considerando que os países desenvolvidos do Hemisfério Norte estão cada vez mais ávidos por produtos naturais, sobretudo frutas procedentes dos trópicos, e que apenas 10% das frutas aí consumidas provêm do Hemisfério Sul, verifica-se a possibilidade, real e potencial, de o Brasil conquistar esses mercados e ampliar substancialmente sua pauta de exportação. Nesse contexto, o cultivo da acerola para fins de exportação destaca-se como uma alternativa agrícola real. De acordo com o Instituto 13 Interamericano de Cooperação para a Agricultura – I1CA, o consumo anual estimado de frutas frescas nos países desenvolvidos do Hemisfério Norte é de US$ 80 a US$ 100 bilhões. No Brasil, a acerola é conhecida no Estado de São Paulo há mais de 50 anos. Foi introduzida em Pernambuco pela Universidade Federal Rural em 1955, procedente de Porto Rico. O cultivo da acerola teve maior impulso a partir de 1946, quando foi descoberto seu alto conteúdo de vitamina C. Sob o incentivo dessa descoberta, teve início o plantio comercial da aceroleira em Porto Rico, expandindo-se a seguir para Cuba, Flórida e Havaí.