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A cultura do urucum

O urucuzeiro é uma planta arbórea, denominada cientificamente de Bixa orellana L., e pertence à família botânica Bixaceae. É originária da América Tropical. É uma planta rústica, perene, de origem pré-colombiana e pertence à flora amazônica. Pode alcançar até 6 m de altura. Possui um corante avermelhado, que é usado pelos indígenas tanto com aplicação medicinal quanto como ornamento e proteção contra insetos, em forma de pintura sobre a pele. A propósito, a palavra “urucu” é originária do tupi uruku, que significa “vermelho”. O corante, em forma de pó contido na fina camada do arilo, é conhecido no Brasil como colorau ou colorífico, e é muito usado na culinária, para realçar a cor dos alimentos, embora não possua aroma nem sabor.

A bixina, 10 que é o corante do urucum, age como fixador da cor nos produtos comerciais. O corante também é empregado para fins industriais, na formulação de bebidas, na panificação e em outras massas, em laticínios (como queijos), embutidos, cosméticos, tintas, como protetor solar contra raios ultravioleta, entre outras. A coloração laranja ou avermelhada dos queijos de fabricação nacional indica, por exemplo, a presença do corante de urucum. Sendo um produto natural, o corante de urucum não causa danos à saúde humana, ao contrário do que ocorre com os corantes artificiais, que são comprovadamente cancerígenos. O urucum possui dois corantes principais: a bixina, de coloração vermelha e solúvel em óleo, e a norbixina, também denominada orelhina, éster da bixina, de coloração amarela e solúvel em água.

É a forma de solubilidade que determina a 11 aplicação dos corantes do urucum. A bixina, por exemplo, sendo lipossolúvel, é empregada em laticínios, como margarina, queijos, manteiga, e em outros produtos oleosos; já a norbixina, sendo solúvel em água, aplica-se ao fabrico de iogurtes, sorvetes, refrigerantes, cervejas e à formula- ção de alguns tipos de queijo. A bixina, apesar de ser carotenóide, não possui atividade vitamínica A; entretanto, é um dos corantes naturais mais estáveis. As sementes são compostas quimicamente de 40 % a 45 % de celulose, de 3,5 % a 5,2 % de açúcares, de 0,3 % a 0,9 % de óleo essencial, de 3 % de óleo fixo, de 4,5 % a 5,5 % de pigmentos, de 13 % a 16 % de proteínas, além de alfa e betacarotenos. A concentração de bixina na semente varia conforme a localização geográfica da cultura, a altitude da área onde é explorada, 12 as condições climáticas locais e o tipo ou a variedade da planta. A concentração de bixina na semente não está associada nem ao formato nem à coloração da cápsula, ou à presença de espinhos flexíveis. É muito variável a concentração de corantes nas sementes, oscilando entre 1,94 % e 5,5 %, ou, raramente, acima desse percentual. Os resíduos do beneficiamento das cápsulas, principalmente as cascas, que ficam trituradas, são usados como adubo orgânico, cobertura morta e componente de ração animal.

A cultura do urucuzeiro é praticamente destinada ao pequeno produtor familiar, que se beneficia da cultura do urucuzeiro para aumentar sua renda doméstica anual. É uma atividade agrícola de baixo custo, apresentando de média a alta produtividade. Porém, para ser financeiramente estável, a urucultura requer a organização dos produtores em associações e/ou sindicatos, para fortalecer a cadeia produtiva e assegurar o principal elo dessa cadeia, que é a comercialização. O produtor familiar também não pode prescindir de assistência técnica se quiser superar os obstáculos que se apresentarem. A importância econômica do corante do urucum, num mercado no qual corresponde a 90 % dos corantes naturais, é favorecida pela proibição de uso de inúmeros corantes sintéticos na formulação de alimentos. Na Itália, por exemplo, não é permitido o uso de sintéticos. Nos Estados Unidos e nos países europeus, somente é permitido um pequeno elenco de sintéticos, e sob a condição de deficiência da oferta de corantes naturais.

A China, a Índia, o Peru, o Quênia e toda a África Tropical Úmida implementaram, na década de 1980, um programa de cultivo 14 entre os produtores familiares, visando absorver, com esse produto natural, o mercado então ocupado pelos pigmentos sintéticos para alimentos. No Brasil, não há ainda uma produção de corantes naturais suficiente para atender uma eventual proibição do uso dos sintéticos. Os pigmentos sintéticos podem provocar uma série de danos à saúde, a exemplo de vasoconstrição, alergia, disritmia, taquicardia; ademais, são comprovadamente cancerígenos. É que, não sendo corantes naturais, não são assimilados pelo organismo humano e muito menos eliminados, acumulando-se no organismo humano e provocando doenças depois de um determinado período de ingestão.

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