Pertencente à família Lecythidaceae, a castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa) é uma das mais importantes espécies de exploração extrativa da Amazônia. Tem participação significativa na geração de divisas para a região, com as exportações de suas sementes para os mercados interno e externo. É encontrada em estado nativo na Amazônia, localizando-se as maiores concentrações na porção brasileira, principalmente no planalto que separa a bacia formada pelos afluentes do baixo Amazonas, alto Tocantins e alto Moju, e em terras altas ao norte do rio Jari, no estado do Pará e nos estados do Amazonas e Acre, até o alto Beni na Bolívia.
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O fruto, conhecido como ouriço, é uma cápsula indeiscente (que ·não se abre espontaneamente), com casca lenhosa muito dura e de formato esférico ou levemente achatado. Contém, em seu interior, cerca de dezoito sementes, cujas amêndoas são altamente nutritivas. O valor proteico da castanha-do-brasil é bastante expressivo, razão pela qual é conhecida como “carne vegetal”. A proteína contida em duas amêndoas equivale à de um ovo. As sementes têm formato triangular-anguloso, comprimento entre 4 e 7cm e casca bastante dura e rugosa. O polo radicular (base da semente), de onde se origina a raiz primária, é mais largo que o caulicular, responsável pela formação da parte aérea da planta. O peso do fruto varia de 200g até !,5kg, com peso médio de aproximadamente 750g. As sementes representam cerca de 25% do peso dos frutos e as amêndoas (sementes sem a casca), 13%.
O peso médio de uma semente gira em tomo de 8,2g. 10 Geralmente, a comercialização das sementes e amêndoas é feita com base em valores volumétricos. Assim, I litro possui aproximadamente 63 sementes ou 125 amêndoas de castanha-do-brasil. Um hectolitro de sementes pesa, em média, cerca de 48kg, e um de amêndoas, cerca de 95kg. Os conhecimentos acumulados com a execução de pesquisas fizeram com que o cultivo racional da castanheira-do-brasil passasse a ser uma opção para os investidores, que têm expandido e diversificado suas atividades na Amazônia.
O cultivo da castanheira-do-brasil tem grande significado no processo de ocupação de enormes vazios demográficos no sul do Pará, em particular no denominado Polígono dos Castanhais, onde a floresta primária, habitat natural dessa espécie, vem sendo sistematicamente destruída e substituída por pastagens para sustentação da atividade pecuária, Esse processo vem causando significativa redução de castanhais nativos, o que fez com que a espécie fosse incluída na “Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção”, Ao lado de outras essências florestais, a castanheira-do-brasil é excelente alternativa para reflorestamento de áreas degradadas de pastagens ou de cultivos anuais, tanto para a produção de frutos como para a extração de madeira.