No Brasil, o cultivo da amora-preta é relativamente recente. Os gregos, porém, as utilizavam desde o quarto século a. C. por seu sabor e características medicinais, colhendo-as em no restas nativas. Seu cultivo comercial teve início na Europa, no século XVII, quando a cultivar Evergreen foi selecionada de material nativo. A maior parte das outras cultivares foi criada durante o século XlX. Nos Estados Unidos, a redução das florestas provocada pela expansão da exploração agrícola constituiu-se também em fator de expansão do cultivo da amora-preta. Nesse pais, sua exploração comercial teve início entre 1850 e 1860.
As primeiras cultivares foram a Evergreen e a Himalaya, provenientes da Europa. Em 1867, foram registradas 18 cultivares, a maioria selecionada de plantas nativas. A amora-preta é planta arbustiva de porte ereto ou rasteiro, pertencente à família Rosaceae, gênero Rubus, da qual existem mais de trezentas espécies. Devido à grande diversidade de espécies, é possível encontrar cultivares comerciais com ampla variabilidade em relação às exigências climáticas, que vão desde mil horas de frio (abaixo de 7,2°C), indispensáveis para a perfeita quebra de dormência e para uma boa produção comercial, até pouco mais de cem horas.
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Outro fator importante, que dá ao material genético ampla capacidade de adaptação, é a exigência de grande número de horas de calor para estimular a brotação e, em consequência, a floração e a produção. Cultivares com essa característica, mesmo quando satisfeitas as exigências em horas de frio, permanecem em dormência quando ocorre elevação de temperatura por curto período, voltando a esfriar, novamente, em seguida. Essas cultivares podem ser recomendadas para regiões com pouca ocorrência de frio até regiões com elevado número de horas de frio. O cultivo da amora-preta é permanente e pode durar até quinze anos. Entretanto, a vida econômica de culturas bem conduzidas varia de doze a quinze anos.
O que é permanente é o sistema radicular. A parte aérea é renovada anualmente, por meio de gemas que se formam nas raízes. Os ramos desenvolvem-se no período de primavera/verão, perdem as folhas durante o inverno e voltam a emitir novas brotações a partir de agosto. São essas brotações que produzem flores e frutos durante o período primavera/verão seguinte. Após a colheita, todo o material aéreo é eliminado e novas brotações irão surgir para formar as plantas da safra seguinte. O fruto é uma folidrupa formada por um conjunto de drupéolas, aderidas a um receptáculo, de coloração inicial verde, passando a vermelho-claro no início da maturação e atingindo a cor preta-brilhante na maturação plena. A produção dos frutos ocorre em brotações de ramos de um ano, oriundos de gemas apicais e nas inserções das folhas do ano anterior.
Os frutos podem ser consumidos in natura ou em forma de geleias, sucos, doces em pasta e fermentados. Podem ser congelados e utilizados como polpa para fabricação de sorvetes, iogurtes e tortas. O cultivo da amora-preta começou na segunda metade do século passado, nos Estados Unidos. Nesse país, atualmente, a amora-preta (blackberry) é estudada mais intensamente nos estados de Nova Iorque, Oregon, Arkansas, Texas, Geórgia e Flórida. No Brasil, a pesquisa se limita ao Centro de Pesquisa Agropecuária de Clima Temperado, localizado em Pelotas – RS, que introduziu as primeiras plantas em 1972, da Universidade de Arkansas. Essas cultivares adaptaram-se muito bem no Rio Grande do Sul, expandindo-se em seguida para Santa Catarina, Paraná, São Paulo e sul de Minas.
A aceitação dessa fruteira pelos produtores levou a Embrapa Clima Temperado a desenvolver um programa de melhoramento genético que deu origem ás seguintes cultivares: Ébano, lançada em 1981; Negrita, em 1983; Tupi e Guarani, em 1988; e Caingangue, em 1992. As três últimas, com frutos de baixa acidez, são próprias para o mercado in natura, que tem preferência por esse tipo de fruto. O custo de implantação de I hectare de amora-preta fica em tomo de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). A cultura da amora-preta é opção promissora para pequenos produtores como os da região da encosta do sudeste do Rio Grande do Sul, com grande número de pequenas propriedades nas quais é impraticável outra forma extensiva de exploração agrícola.
Os produtores podem comercializar o produto in natura, congelado para sorvetes e iogurtes ou na forma de produtos industrializados como geleias, sucos, doces em pasta etc. Em Pelotas – RS, a industrialização da amora-preta para exportação teve início em 1978. Em São Paulo, pequenas indústrias de Campos de Jordão dedicam-se à produção de geleias de amora-preta e framboesa, desde 1961, com ótima aceitação no mercado. A Tabela I apresenta os teores de vitaminas e sais minerais da amora-preta.