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Cem Sonetos de Amor – Pablo Neruda

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Cem Sonetos de Amor é um livro de Pablo Neruda publicado em 1959 com cem sonetos relacionados ao romantismo, amor etc., divididos em quatro partes: Manhã, Meio-dia, Tarde e Noite, nas quais Neruda expressa todo o conteúdo da palavra amor. O poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973) foi, sem dúvida, uma das vozes mais altas da poesia mundial do nosso tempo. Ao mesmo tempo, o poeta engajado nas causas da liberdade, o exilado, o resistente, é protagonista de uma das aventuras mais expressivas da lírica em língua castelhana. Seus poemas de amor – e estes Cem Sonetos de Amor são um dos seus legados mais perfeitos – emocionaram e emocionam várias gerações. Poeta admirado internacionalmente (é personagem do filme O Carteiro e o Poeta), recebeu a consagração definitiva com o Prêmio Nobel de Literatura em 1971.

 

 

Pablo Neruda

Ricardo Neftalí Reyes Basoalto nasceu na cidade chilena de Parral, em 12 de julho de 1904. Sua mãe era professora e morreu logo após o nascimento do filho. Seu pai, que era funcionário de ferrovia, mudou-se, alguns anos mais tarde, para a cidade de Temuco onde se casou novamente com Trinidad Candia Malverde. Ricardo passou a infân­cia perto de florestas, em meio à natureza virgem, o que marcaria para sempre seu imaginário, refletindo-se na sua obra literária.

Em Temuco, conheceu a poetisa Gabriela Mistral, então diretora de uma escola, que muito se afeiçoou a ele. Com treze anos, Ricardo começou a contribuir com alguns textos para o jornal La montaña. Foi em 1920 que surgiu o pseudônimo Pablo Neruda – uma homenagem ao poeta tchecos­lovaco Jan Neruda (1834-1891) –, sob o qual o jovem publicava poemas no periódico literário Selva austral. Vários dos poemas deste período estão presentes em Crepusculário, o primeiro livro do poeta a ser publicado, em 1923. No ano seguinte, 1924, foi publicado o livro Veinte poemas de amor y uma canción desesperada, no qual a mulher simboliza o mundo que o jovem poeta ansia por conhecer.

Além das suas atividades literárias, Neruda estudou francês e pedagogia na Universidade do Chile. No período de 1927 a 1935, trabalhou como diplomata para o governo chileno, vivendo em Burma, Ceilão, Java, Cingapura, Buenos Aires, Barcelona e Madri. Em 1930, casou-se com María Antonieta Hagenaar, de quem se divorciaria em 1936. Viveu com Delia de Carril a partir de meados da década de 30 (casaria-se com ela em 1943 e dela se divorciaria em 1955).

Em meio às turbulências políticas de proporções mundiais do período do entre-guerras, Neruda publicou o livro que marcaria um novo período em sua obra, Residência na terra (1933). Surgia uma poesia de um pessimismo social angus­tiado, marcada pela orientação política e culminando no grito pela revolução. Em 1936, o estouro da Guerra Civil Espanhola e o assassinato de Federico García Lorca, a quem Neruda conhecia, aproximam o poeta chileno dos republicanos espanhóis e faz com que ele seja destituído de seu cargo consular. Neruda exalta as forças republicanas espanholas em Espanha no coração (1937), livro de poemas que foi impresso no front da Guerra Espanhola e que, posteriormente, passou a integrar o livro Terceira residência (1947). Também no poema Canto a Stalingrado, recolhido em Terceira residência mas escrito nos anos antecedentes à Segunda Guerra Mundial, se pode perceber a forte inclinação esquerdista e engajamento político-social do poeta.

Em 1943, Neruda voltou ao Chile, e em 1945 foi eleito senador da república, filiando-se ao partido comunista chileno. Devido a suas manifestações contra a política repressiva do presidente Gonzales Videla para com mineiros em greve, teve de viver clandestinamente em seu próprio país por dois anos, até exilar-se, em 1949. Em 1950, foi publicado no México e clandestinamente no Chile o livro Canto geral, escrito por Neruda quando era cônsul-geral no México. Além de ser o título mais célebre de Neruda, Canto geral é uma obra-prima de poesia telúrica que exalta poderosamente toda a vida do Novo Mundo – os vegetais, os homens, os animais –, denuncia a impostura dos conquistadores e a tristeza dos povos explorados, expressando um grito de fraternidade através de imagens poderosas.

Após viver em diversos países, Neruda voltou ao Chile em 1952. Muito do que ele escreveu nesse tempo tem profundas marcas políticas, como é o caso de As uvas e o vento (1954), que pode ser considerado o diário de exílio do poeta. Em 1955, ano de seu divórcio com sua segunda mulher, Neruda iniciaria um relacionamento com Mathilde Urrutia que duraria até a morte do poeta. Seguiram-se os livros Estravagario (1958), Odas elementales (1954-1959), Cem sonetos de amor (1959), que inclui poemas dedicados a Matilde, Memorial de isla negra, obra autobiográfica em cinco volumes publicada em 1964, por ocasião do 60º aniversário do poeta, Arte de pájaros (1966), La barcarola (1967), a peça Fulgor e morte de Joaquín Murieta (1967), Las manos del día (1968), Fin del mundo (1969), Las piedras del cielo (1970) e La Espada encendida (1970).

Em 1971, Pablo Neruda recebeu a honraria máxima para um escritor, o Prêmio Nobel de Literatura, por causa de sua poesia que, “com a ação de forças elementares dá vida ao destino e aos sonhos de todo um continente”. Publicou, a seguir, Geografia infructuosa (1972). Pablo Neruda morreu em Santiago do Chile, em 23 de setembro de 1973, apenas alguns dias após o golpe militar que depusera da presidência do país o seu amigo Salvador Allende, em 11 de setembro. Vários livros de poesia daquele que foi a voz poética mais célebre e universal do século 20 foram publicados postumamente. São eles: El mar y las campanas (1973), El corazón amarillo (1974), Defectos escogidos (1974), El libro de las preguntas (1974), Elegia (1974) e Jardim de inverno (1975). Também foram publicados após a morte de Neruda os livros de prosa Confesso que vivi (memórias), 1974, e Para nascer he nascido (1978).

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